Neste ensaio, analisa-se a natureza histórica e simbólica do conflito entre Estados Unidos e Irã, entendido como expressão de duas matrizes civilizatórias distintas – a ocidental moderna, laica e liberal, e a islâmica, fundada na indissociabilidade entre fé, política e cultura. Discute-se o lugar singular do Brasil, que, por sua falta de alinhamento automático com qualquer polo, pode parecer mediador neutro, mas carece da credibilidade e do conhecimento dos códigos civilizacionais em jogo. A experiência do Acordo de Teerã (2010) sob Lula ilustra tanto o ideal de pacificação quanto os limites práticos de uma diplomacia “sobre o muro”. Conclui-se que a política externa exige leitura histórica aprofundada, prudência estratégica e sensibilidade aos antagonismos culturais, pois, em disputas milenares, a retórica da neutralidade pode se revelar ingênua e até perigosa.
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- Leidimar Murr (Author), 2025, Entre civilizações. Brasil, Irã e a retórica da neutralidade, Munich, GRIN Verlag, https://www.grin.com/document/1597048