O presente trabalho busca aplicar o modelo de Relationship Banking apresentado por Freixas e Rochet para o caso do relacionamento bancário entre firmas e bancos na negociação de contratos a termo de moedas. A análise é feita sobre o contrato de Dólar americano contra o Real brasileiro, mas é também válida para outros pares de moedas e ativos. A derivação ocorre desmembrando o contrato a termo em duas operações, por não arbitragem, de aplicações na moeda A e empréstimos na moeda B. Num primeiro momento analisa-se o equilíbrio em jogos de um estágio nos dois mercados, chegando em uma condição mínima de preço do contrato. Posteriormente analisa-se o equilíbrio em dois estágios nos dois mercados. E por fim combina-se os equilíbrios individuais. Dessa forma, o modelo derivado se mostra uma generalização da fórmula tradicional de contratos a termo apresentada por Hull.
Perguntas frequentes
O que é Relationship Banking?
O conceito de Relationship Banking surge na modelagem de Organização Industrial aplicada a bancos quando, por conta de custos de entrada no mercado em evidência, existe uma vantagem competitiva para o banco incumbente sobre o entrante. Está amarrado a idéia de que um investimento de um banco em determinado tipo de serviço financeiro permitirá uma negociação repetitiva desse serviço mais eficientemente com um cliente.
Quais são as condições necessárias para o Relationship Banking?
Duas condições são necessárias: Bancos devem ser capazes de fornecer serviços a um cliente de forma mais eficiente do que competidores; Contratos contingentes de longo prazo não podem estar disponíveis.
O que são contratos a termo?
Contratos a termo são um tipo de derivativo muito utilizado por firmas para hedging de suas operações. Essas empresas possuem balanços em uma moeda e geram receitas (ou despesas) em outra, ficando sujeitas às variações de mercado do preço de conversão (variações cambiais). Podem prever a troca efetiva de moeda (Deliverable Forwards) ou somente um ajuste financeiro referente a variação cambial (Non-Deliverable Forwards).
Como o Real brasileiro se encaixa nos contratos a termo?
Algumas moedas, como o Real brasileiro, não são moedas deliverables, de forma que, a priori, não são negociados contratos de Deliverable Forwards sobre elas.
Quais são os determinantes do custo dos contratos a termo?
Dentre os determinantes do custo deste tipo de contrato estão os custos de oportunidade dos investidores nas duas moedas. Em um ambiente de não arbitragem, o custo "justo" deste contrato deve ser o custo de oportunidade de um empréstimo em uma moeda simultaneamente a uma aplicação na outra moeda, em montantes equivalentes convertidos por uma taxa de partida.
Como um contrato a termo pode ser quebrado para análise?
Um contrato a termo pode ser quebrado em duas operações simultâneas: Compra de Contrato a Termo da moeda A (Empréstimo na moeda A e Aplicação na moeda B) e Venda de Contrato a Termo da moeda A (Aplicação na moeda A e Empréstimo na moeda B).
Quais fatores influenciam o poder de barganha das empresas em contratos a termo?
Empresas maiores acabam tendo maior poder de barganha e consequentemente condições mais favoráveis nesses contratos, devido a fatores como: acesso a mais bancos e mercados, negociação de operações com valores de face maiores, expertise maior de produtos financeiros, condições financeiras mais robustas, fornecimento de mais informações sobre seus balanços e situação de crédito ao público, mais operações em portfolio, áreas mais especializadas em gestão financeira, tecnologia e sistemas de apreçamento mais sofisticados, maior espaço e propensão a risco cambial, e maior dificuldade para os bancos coordenarem preços.
Quais são as definições do modelo proposto para o mercado de contratos a termo?
As firmas possuem oportunidades de investimento que requerem uma unidade de investimento no início de cada período, e se tiverem sucesso com probabilidade p, recebem um retorno y (0 caso contrário). Os bancos possuem poder de mercado e incorrem num custo de entrada (sunk cost) de M.
Como a competição influencia os retornos dos bancos sobre seus empréstimos?
A competição garante que os bancos recebam o mesmo retorno θ sobre seus empréstimos.
Quais são as variáveis consideradas no modelo?
As variáveis consideradas são referentes a moeda A (Dólares americanos), moeda B (Reais), câmbio de partida, taxa de câmbio a termo, entre outros. Incluem volumes de aplicação/empréstimo, custos de entrada, probabilidades de pagamento, retornos, taxas de juros e fatores de desconto.
Como o mercado bancário se comporta no mercado de empréstimos em um estágio?
O mercado bancário é competitivo pelo empréstimo e tal competição é definida por θ. Num mercado perfeitamente competitivo θ=1. Assim, o pagamento a ser feito pelas firmas será influenciado pelo custo de entrada incorrido pelo banco.
Como a taxa do contrato a termo é calculada sob condições de não arbitragem?
Conforme a Equação 3-7, as firmas vendedoras de Dólares a termo farão Contratos a Termos vis-a-vis aplicações e empréstimos se a desigualdade (fórmula) for verdadeira.
Como modelar o mercado para aplicações em um estágio?
É um modelo similar ao de mercado de empréstimos, porém na direção oposta. O valor recebido pelas firmas será o valor investido, decrescido de um custo de entrada incorrido pelo banco, e remunerado por um fator que reflete a competitividade do mercado e a probabilidade do banco de pagar de volta.
O que o equilíbrio do mercado num jogo com um estágio busca avaliar?
Juntando a aplicação na moeda A com o empréstimo na moeda B, o foco é chegar na equação de equilíbrio dos mercados combinados, avaliando se a empresa optará por contrato a termo ou acessará os mercados individualmente, baseado na maior utilidade.
O que o estudo conclui?
Conclui que as taxas dos contratos a termo são sempre maiores no segundo período, assumindo que o diferencial de custos de oportunidade é maior do que um. A probabilidade de não pagamento também influencia as taxas.
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- Guilherme Amaral Candido (Author), 2017, O Conceito de Relationship Banking Aplicado ao Caso do Contrato a Termo de Moedas, Munich, GRIN Verlag, https://www.grin.com/document/369097