O QUILOMBO – forma de resistência histórica dos escravos

Um breve ensaio no exemplo de Palmares


Trabajo de Seminario, 2007

17 Páginas, Calificación: 1,00


Extracto


Índice

1. Introdução

2. O sistema escravista negra no Brasil – a economia triangular

3. O quilombo – uma primeira descrição

4. O quilombo – a formação no Brasil

5. O quilombo – o exemplo de Palmares

6. O quilombo – presença na cultura negra contemporânea

7. Resumo

8. Bibliografia

O QUILOMBO – forma de resistência histórica dos escravos
- um breve ensaio do exemplo de Palmares

1. Introdução

As denominações quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais, remanescentes de comunidades de quilombos são expressões que designam grupos sociais descendentes de escravos africanos trazidos para o Brasil durante o período colonial, que resistiram ou se rebelaram contra o regime escravista, formando territórios independentes onde a liberdade e o trabalho comum passaram a constituir símbolos de liberdade, autonomia, resistência e diferenciação do regime de trabalho escravista.

No Brasil, genericamente, quando se fala em quilombos logo se aciona a idéia de negros fugitivos que se escondiam no meio das florestas. Isto deve-se a uma interpretação datada de 1740, quando o Conselho Ultramarino consultado pelo rei de Portugal sobre esses grupos sociais respondeu que Quilombo seria “toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”.

Este trabalho pretende dar uma visão geral sobre os “quilombos” brasileiros e em particular, no exemplo da maior manifestação de rebeldia contra o escravismo na América Latina: Palmares. “Of all of the historical examples of slave protest, Palmares is the most beautiful, the most heroic. It is a black Troy, and its story is an Iliad.” (Oliveira Martins)[1]

O trabalho presente tem o objetivo de aprofundar esta citação. No segundo capítulo será introduzido o tema: escravismo negro no Brasil. Já no terceiro e quarto capítulos, será definido e caracterizado o quilombo no contexto brasileiro, servindo de base para descrever, mais especificamente, no quinto capítulo, o quilombo de Palmares. Para finalizar, no sexto, serão dadas algumas informações sobre a significação dos quilombos na população negra no Brasil contemporâneo.

Devido à literatura restrita em relação aos quilombos, as seguintes interpretações são baseadas em grande parte nos trabalhos de Moura (1989) e Hofbauer (1989).

2. O sistema escravista negro no Brasil – a economia triangular

Os portugueses trouxeram, junto com as expedições, os primeiros escravos negros em 1441 para Lisboa. Depois da bem-sucedida tentativa em 1455 de cultivar cana-de-açúcar na ilha de Madeira os portugueses tentaram expandir o mesmo estilo de cultivo, em maior proporção, para São Tomé por volta de 1500. Mas dessa vez, utilizando a mão-de-obra escravista. Assim, o modelo de plantação de açúcar passou a ser baseado no trabalho negro.

Mais tarde, trinta anos depois do descobrimento da Ilha de Vera Cruz por Cabral em 1500, foi introduzido este mesmo modelo em Pernambuco, tornando o Brasil líder mundial na produção de açúcar. Em conseqüência, o negócio de escravos presenciou um enorme crescimento e progresso, especialmente com Angola, que Moura (1989; p.7) descreve como “nervo das fábricas do Brasil”.

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Fonte: http://www.history.ucsb.edu/faculty/marcuse/classes/2c/images/1700sMapTriangleTrade$Goucher491-72dpi550pxw.jpg

O sucesso do novo modelo marcou também o nascimento de um novo sistema de comércio: o sistema da economia triangular. No litoral africano, os portugueses cambiavam bens de baixo valor por negros, que eram despachados em navios para o Brasil. Lá, eram trocados por matérias primas. Em seguida, tais matérias primas eram transportadas para Lisboa e vendidas com um lucro de até 300%. Dessa maneira, Portugal gerou matéria prima sem perder reservas de ouro; quer dizer, o meio de pagar era o escravo negro.

Se os portugueses tivessem usado os índios em substituição do escravo africano, a coroa teria perdido ouro e prata pagando a matéria prima, o que corresponde a uma fuga de capital. Além disso, por fatores sócio-culturais os índios não eram “predestinados” para uma integração no sistema escravista. Uma vez escravizados tentavam fugir imediatamente, estimulados pelo conhecimento da região e da chance real – ao contrário dos escravos raptados da África – de voltarem para a própria tribo. Assim, para garantir o câmbio triangular, a escravização do índio foi proibida por lei, mesmo esta não tendo sucesso absoluto.

Além do mais, a escravização dos negros era justificada pelos Jesuítas: para eles os negros eram sucessores do “Cain” bíblico e por isto a escravização era vista como uma punição para este pecado.

Na América, o Brasil foi o país que teve a maior porcentagem de escravos desembarcados: 40% de todos os escravos trazidos para o Mundo Novo. Assim, todas as regiões geográficas importantes do Brasil, na época, tinham um número significativo de escravos entre a sua população total. Em 1819, conforme estimativas oficias, nenhuma região tinha menos de 27% de escravos em sua população. Os escravos foram distribuídos de acordo com os interesses da economia colonial, na medida em que se desenvolviam as economias regionais, subordinadas às necessidades do mercado externo.

Como já mencionado, não existia oportunidade para o escravo negro fugir de volta para as suas origens, uma vez embarcado nos tumbeiros. Os escravos negros, para resistirem à sua situação de oprimidos, criaram várias formas de resistência a fim de se protegerem social, e até mesmo biologicamente, do regime escravista. Formas de rebeldia como o suicídio por greve de fome, por exemplo, ou matar os recém-nascidos eram comuns. Entretanto, as tentativas de oposição coletiva nos engenhos contra o sistema de vigilância e as praticas de castigo, não eram sem sucesso. A fuga individual também era frustrante ou pela impossibilidade de sobreviver sozinho no mato ou pelos capitães-do-mato, que os capturavam na floresta.

[...]


[1] Pautado assim em Anderson (1996; p. 550)

Final del extracto de 17 páginas

Detalles

Título
O QUILOMBO – forma de resistência histórica dos escravos
Subtítulo
Um breve ensaio no exemplo de Palmares
Universidad
University of Tubingen  (Romanisches Seminar)
Curso
Landeskunde Brasilien
Calificación
1,00
Autor
Año
2007
Páginas
17
No. de catálogo
V86580
ISBN (Ebook)
9783638051149
ISBN (Libro)
9783638943574
Tamaño de fichero
689 KB
Idioma
Portugués
Palabras clave
QUILOMBO, Landeskunde, Brasilien
Citar trabajo
Marc Berger (Autor), 2007, O QUILOMBO – forma de resistência histórica dos escravos, Múnich, GRIN Verlag, https://www.grin.com/document/86580

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